sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Ausência



Haverei de levantar a vasta vida
que ainda agora é teu espelho:
cada manhã haverei de reconstruí-la.

Desde que te afastaste,
quantos lugares tornaram-se vãos e sem sentido, 
iguais à luz do dia.

Tardes que foram o nicho da tua imagem,
músicas com que sempre me aguardavas,
palavras daquele tempo,
eu terei que quebrá-las com minhas mãos.

Em que buraco esconderei minha alma
para que não veja tua ausência
que como um sol terrível, sem acaso,
brilha definitiva e desapiedada?

Tua ausência me rodeia
como a corda na garganta,
como o mar em que se afunda.

Jorge Luis Borges

2 comentários:

  1. Muitas vezes a ausência é presença que dói, mortifica, dilacera. Outras, ponte para conduzir os passos a um ponto de fuga, ou de espera. Outras tantas, no entanto, é suspiro que enche o peito de sonho e acena uma primavera...

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  2. Muitas vezes a ausência é presença que dói, mortifica, dilacera. Outras, ponte para conduzir os passos a um ponto de fuga, ou de espera. Outras tantas, no entanto, é suspiro que enche o peito de sonho e acena uma primavera...

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