quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Um dos livros mais importantes para mim, nestes dias de compreensão do sentido da palavra "maníaco-depressivo".

Luto e Melancolia - Sigmund Freud
Ed. Cosac Nayfi  tradução: Marilene Carone

Trechos da introdução de Maria Rita Kehl

"O complexo melancólico se comporta como uma ferida aberta."

pg. 21
Mesmo os mais graves episódios de tormento melancólico tendem a desaparecer depois de algum tempo e dar lugar a um estado de humor radicalmente oposto: a mania.
A mania não determina o fim da melancolia; ela é apenas o outro polo dessa "loucura cíclica" a que hoje a psiquiatria chama de depressão bipolar. Durante o episódio melancólico, inúmeras batalhas se travam entre o impulso para abandonar o objeto e o seu oposto, a tendência da libido em se manter ligada a ele. O palco dessas batalhas é o inconsciente, "reino dos laços mnemônicos de coisas".

pg.27
Os humores (na medicina antiga), seriam também regidos por planetas, sendo Saturno, o último planeta visível a olho nu - o mais distante e isolado que os antigos conheciam - aquele que rege a melancolia. É importante considerar que a doença, aqui, não é entendida como um defeito da personalidade nem como um erro da vontade do doente, mas como conseqüência do acaso, explicável pela posição dos astros no momento de seu nascimento.
O desequilíbrio causado pela bile negra torna o melancólico propenso a ser, "quase no mesmo instante muito quente e muito frio". Mas é esta mesma possibilidade (que ele não escolheu) de habitar extremos que torna o melancólico  aberto à criação poética. Ou seja: a "tornar-se outro". [...] Era este o modo como os antigos entendiam a capacidade do poeta de inventar o que não existia. O outro modo de "tornar-se o outro" seria a loucura.

assim que for lendo mais, vou compartilhando

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